Inventário mede o impacto ambiental da cadeia leiteira brasileira
A
Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UFTPR) e a Embrapa concluíram o
primeiro Inventário do Ciclo de Vida (ICV) do leite bovino in natura produzido
no País. Segundo a analista da Embrapa Gado de Leite Vanessa Romario de Paula,
que participou dos trabalhos, o ICV do setor é um marco para a pecuária de
leite do Brasil, que passa a ter uma base de informações que possibilita
mensurar impactos da atividade no meio ambiente.
“Os
dados que estavam disponíveis até então referiam-se à pecuária de leite de
outros países, que não representam as condições de clima tropical brasileiras”,
conta. “O ICV – Leite se apresenta como uma base pública de dados para estudos
que envolvam gestão ambiental e sustentabilidade da pecuária de leite”, explica
a analista.
Para
construir o ICV de um produto ou serviço é realizada coleta de dados sobre as
etapas que compõem o ciclo de vida do produto ou serviço. O processo de
construção do ICV – Leite incluiu a identificação das matérias-primas
utilizadas na produção, o consumo de energia e água, entre outros recursos, bem
como a geração de resíduos e emissões ao longo do ciclo de vida do produto
“leite”. Foi um avanço que permitirá o direcionamento de novos estudos sobre
Análise do Ciclo de Vida (ACV), possibilitando mensurar impactos ambientais do
setor produtivo.
Para
a realização do trabalho, foram inventariados três sistemas de produção de
leite nos estados de Minas Gerais e Paraná: dois sistemas de produção em
semiconfinamento (no qual as vacas vão ao pasto, mas também são alimentadas no
cocho) e um sistema confinado (em que a alimentação do rebanho se dá apenas no
cocho). “Nós contabilizamos todas as ‘entradas’ dos sistemas (produtos de
limpeza, semente, adubos, eletricidade etc.) e saídas (leite, dejetos, animais,
emissão de gases etc.)”, informa a analista.
Vanessa
Romario explica que a opção pelos sistemas confinados e semiconfinados se deu
em função das suas participações no volume total da produção brasileira de
leite. “Os dois sistemas representam mais de 50% da produção de leite nacional,
o que torna o Inventário representativo, possibilitando estudos efetivos
capazes de identificar pontos críticos e propor soluções para a melhoria dos
sistemas, objetivando a redução da pegada de carbono do leite”, avalia. A pegada de carbono de um produto representa
a quantidade, expressa em quilograma de dióxido de carbono equivalente (CO2 e),
de emissões de gases de efeito estufa gerados no ciclo de vida de um produto.
Há cerca de duas décadas, a Embrapa Gado de Leite desenvolve pesquisas voltadas
para reduzir a emissão de CO2e na atividade.
Redução
da pegada de carbono
Uma
das principais estratégias no combate às mudanças climáticas é representada
pela redução da pegada de carbono de produtos, que é obtida pelo balanço de
emissões de gases de efeito estufa (GEE) de todo o processo produtivo. A
redução da pegada de carbono não só ajuda na mitigação dos efeitos das mudanças
climáticas, como também pode trazer benefícios econômicos e sociais.
Segundo o pesquisador Luiz Gustavo Ribeiro Pereira, nunca foi tão necessário reduzir o desperdício e diminuir o consumo de recursos naturais finitos. Para ele, sustentabilidade já é essencial. “Chegou a hora de pensarmos em um futuro de agropecuária regenerativa, em que os processos produtivos garantirão a melhoria do desempenho ambiental, social e econômico das propriedades rurais,” afirma o pesquisador.
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