Encceja tem falha de segurança e Inep não garante prova; dois funcionários foram exonerados
A
realização do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e
Adultos (Encceja) sofreu uma falha de segurança no Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão ligado ao Ministério da Educação
(MEC). O governo Jair Bolsonaro não garante que a prova será realizada como
previsto, em agosto, nem mesmo neste ano.
O
exame dá a oportunidade a jovens e adultos que não concluíram o Ensino
Fundamental e Médio obterem o certificado. As inscrições se iniciaram nesta
segunda-feira (20) e 730 mil pessoas já se cadastraram. Apesar do problema, o
Inep pede que os interessados mantenham o processo de inscrição, que vai até 31
de maio.
Segundo
o novo presidente do Inep, Alexandre Lopes, houve uma quebra no protocolo de
segurança do instituto, embora não haja informações de vazamento. Lopes negou
que as instabilidades políticas que atingiram o órgão neste ano tenham efeito
na situação.
—
De jeito nenhum (houve essa interferência). Os servidores envolvidos estão no
Inep há muitos anos. O que houve foi o correto funcionamento do protocolo de
segurança do Inep — disse ele na noite desta terça-feira (21) durante coletiva
convocada pelo governo.
Lopes
já é a terceira pessoa a assumir o Inep sob o governo Bolsonaro. Técnicos do
instituto ouvidos pela reportagem indicavam preocupação desde abril com a
realização de todos os exames sob responsabilidade do órgão, como o Enem.
De
acordo com o Inep, a falha de segurança ocorreu quando o arquivo digital da
prova chegava até a gráfica. Pelo protocolo, o arquivo sai de uma sala segura
dentro do instituto e é levado pessoalmente por um servidor até a gráfica, que
fica em São Paulo.
Um
outro servidor segue em outro voo com a senha memorizada. Este servidor teria
esquecido a senha. Em vez de iniciar novamente o processo, esse servidor ligou
para o Inep para que a senha fosse informada por telefone — o que feriu o
protocolo de segurança.
O
caso foi descoberto pela equipe de segurança na segunda-feira, segundo Lopes.
Dois servidores foram exonerados de seus cargos.
—
Há chance de não ter a prova em agosto — disse ele, que também não garantiu a
realização do exame neste ano.
Lopes
afirmou que será avaliado a necessidade de produção de outras questões ou se há
viabilidade técnica e de segurança para o uso do mesmo arquivo.
A
gráfica que vai imprimir o Encceja é a Valid, que fará o mesmo serviço
referente ao Enem. O contrato para a impressão do Encceja (e outros exames,
como Saeb e Enade) foi assinado dia 30 de abril por R$ 143 milhões.
Já
o contrato para o Enem foi assinado nesta terça por R$ 151,7 milhões. O valor
foi 6% maior do que no ano anterior.
O
presidente do Inep negou que haja riscos de acontecer o mesmo com o Enem, que
já recebeu mais de 6 milhões de inscritos neste ano. Lopes diz que a falha não
envolveu a estrutura da gráfica, mas do Inep.
—
O procedimento do Enem é mais rigoroso, porque há escolta dos servidores por
policiais federais — disse.


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